Não tão doce Juliete

Não tão doce Juliete

quarta-feira, março 29, 2017

INVERNO NA PRAÇA XV


To atrasado, senhora, não posso ajudar
To atrasado, senhor, não posso comprar
To com pressa, moça, não enrola na minha frente.
“Puta queo pariu!” Pq o sinal não tá aberto?
Corre, corre, pega o metrô
Nossa! Aqui tá apertado, parece mais um elevador
To atrasado, to com pressa, mas já to na Praça XV
E no banco da praça, com calma, sem pressa ou melindre
A ruiva de cabelos longos, sentada, pernas cruzadas
O livro na mão, poesia  agasalhada
Poesia sem pressa, nem ela, e nem a moça
Não olham pro idiota que tropeça, cai, derruba o cigarro
Pro moço que anda de skate, despreocupado.
E eu ali, sem tempo hábil, de sentar ao lado dela
E sem trela
Pedir que ela me ensinasse
Sem culpa, e sem pressa.
O poder de parar o tempo, o meu, o dela.
E de todos os que passam
No frio do concreto
Da praça XV.




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