Não tão doce Juliete

Não tão doce Juliete

quarta-feira, março 29, 2017

POESIA


Solidão é neblina.
Começa bem fina,
sorrateira, bem mansa
te joga no muro, te capota,  te rouba os sonhos de infância.

Poesia é  amparo
Que em revés, transforma neblina em
Nevasca.

Poesia é tempestade.

Poesia é redenção.

Fantasmas


E por fim,
Somos apenas fantasmas
Vagando entre as memórias do que um dia fomos
E as ilusões de futuro do que poderíamos ser
Mas nada é concreto,
Nem passado, nem futuro

São apenas memórias inventadas , expectativas (re)criadas.

Vida

Reconhecer a resistência resoluta
de quem recolhe retratos
retalhos de memórias
de vivências, de experiências

Repetir as caminhadas tortuosas
De passos sinuosos em busca de
Repostas

Resiliência é autoconhecimento
E ao final da escalada, da vida
O que resta, não o que falta

É resignação .

Humildade



Tira da fronte essa gota de cansaço
que tua luta é vão, tu não tens adversário
Entenda que a vida é injusta, é bela, mera balela

Seca teu suor, respira fundo e anda
Apaga o cigarro, bebe a saidera e levanta
Tua humildade é uma mentira
Tua história é programada
Tua catarse é  forjada para
Não transparecer.
Insegurança, minha criança, é normal

Tua humilde falácia é desculpa
Quando o ego não entende
que a vida é viagem
Uma bela passagem
só de ida

Não se desculpe por ser
Não confunda capacidade com arrogância.
Simplicidade e humildade são pontos distantes

Tua história um dia cai
Tua mentira se esvai
Qual desculpa vais usar
quando precisar se perdoar
por ser quem tu és, e por ter feito o que fizeste?




Falhas



Eu tentei fazer o certo
Desfazer-me das falhas
Mas as falhas é que se desfizeram de mim

Quando faço o que julgo certo
Falho com o errado
Quando falho com o certo
Faço o errado me dar trabalho

E nesse jogo de culpas e falhas
Percebo que talvez nada valha
Tanta falha na barba
Falha na alma
Falho até na hora de jogar a toalha

É briga mal brigada
Camisa amassada
É quase um apito
Anunciando ao pé do ouvido
Um sussurro profano-divino
Dizendo:
 menino, tu és assim, tu és assim!

Pura falta, pura falha.

CARTA



Pois é, caro amigo
Chegamos a mais um fevereiro
E com ele os mesmos pensamentos, o bom e velho “nada mudou”

Pois é, caro amigo
Se eu pudesse te alertar
Do que um dia virá
Do que você vai encarar

Pois é, caro amigo
Irá demorar um tempo
Você vai passar por maus bocados
Para chegar à conclusão, que aqui lhe deixo de antemão
Na esperança de ajudar-lhe o entendimento

Pois é, caro amigo
O tempo é apenas uma foice nas mão de um menino imaturo
E o mundo move-se tanto
Quanto uma pena que se desprendeu das asas de um corvo


Frenesi



Frenesi
Lua cheia, rio adentro.
Frenesi
Lua minguante, força inconstante.
Frenesi
Lua nova,  tentativa de vitória
Frenesi
Lua crescente, fogo ardente.
FRENESI

Frenesi
Eu te quero
Eu preciso
Eu te espero
Eu anseio por ti

Frenesi
Besta fera
Busca na noite
Frenesi desembestado
A eterna balada

Frenesi
De sangue e de sexo
De sangue e prazer
De prazer e de dor
De dor e  ao final
Frenesi
Redenção

Frenesi
Acabou
A humana forma retornamos

Frenesi
No metrô
No busão
Na ciclovia

Frenesi
A segunda-feira chegou
É dia do trabalhador