To atrasado, senhora, não posso ajudar
To atrasado, senhor, não posso comprar
To com pressa, moça, não enrola na minha frente.
“Puta queo pariu!” Pq o sinal não tá aberto?
Corre, corre, pega o metrô
Nossa! Aqui tá apertado, parece mais um elevador
To atrasado, to com pressa, mas já to na Praça XV
E no banco da praça, com calma, sem pressa ou melindre
A ruiva de cabelos longos, sentada, pernas cruzadas
O livro na mão, poesia
agasalhada
Poesia sem pressa, nem ela, e nem a moça
Não olham pro idiota que tropeça, cai, derruba o cigarro
Pro moço que anda de skate, despreocupado.
E eu ali, sem tempo hábil, de sentar ao lado dela
E sem trela
Pedir que ela me ensinasse
Sem culpa, e sem pressa.
O poder de parar o tempo, o meu, o dela.
E de todos os que passam
No frio do concreto
Da praça XV.